9.10.12

LEMBRANÇA do Vaticano II

Cheguei a Roma, na Itália, no dia 14 de setembro de 1965, para viver com nossas Irmãs na Villa Francesca, nossa casa de estudos no Aventino.  A Congregação havia me enviado para estudar teologia na Regina Mundi, a escola internacional para Irmãs e outras mulheres leigas.  Foi uma honra ter sido escolhida, mas estava fazendo um fantástico curso avant garde de Mestrado em Educação Religiosa na Manhattanville College of the Sacred Heart em Nova York.  Os professores eram especializados em diferentes disciplinas, como Escritura Sagrada, figuras de Cristo no Cinema, Teologia Moral, etc. Eu teria de abandonar o curso para ir para Regina Mundi.  Achava que Regina Mundi seria pouco mais do que a educação religiosa que tinha recebido anos antes.

Mas algo entusiasmante estava acontecendo em Roma de 1962 a 1965.  O Papa João XXIII havia convocado o Concílio Vaticano II e escancarado as janelas da Igreja para novos entendimentos e novas visões.   Cheguei a Roma a tempo de participar da liturgia de encerramento do Concílio.  Os documentos do Concílio levaram Regina Mundi a atualizar todos os seus cursos!  Alguns dos periti, ou peritos, do Concílio vieram e apresentaram suas ideias aos estudantes.

Uma mulher americana que tinha uma villa em Roma convidou as Superioras Religiosas para visitar sua Villa para ouvir alguns dos periti.  A Irmã Maria Teresa Romeo era nossa Superiora local na Villa Francesca.  Como estava estudando teologia, fui convidada a participar desses encontros com ela.  Lembro-me sobretudo de minha emoção ao ouvir o famoso Cardeal Suenens da Bélgica e o Padre Bernard Haring, CSSR, da Alemanha, ambos periti do Concílio. 

Os documentos do Concílio começaram a ser distribuídos às Superioras Religiosas e eu tive a oportunidade de lê-los.  Foi um período de emoção e esperança.   Nos Estados Unidos, os documentos do Vaticano II estavam tendo impactos positivos e negativos na Igreja.  O Concílio instou mudanças na vida da Igreja.  Havia documentos sobre a liturgia, o ecumenismo, a Bíblia, a vida religiosa e mais.  Perfectae Caritatis, a Perfeição da Caridade, conclamou mulheres e homens Religiosos a voltar às suas fontes e renovar suas vidas.  Gaudiem et Spes, A Igreja no Mundo Moderno, conclamou a Igreja a ser aberta aos regozijos e esperanças de todas as pessoas.  Cada documento instava algum tipo de mudança.  Quem percebeu o valor das mudanças, abraçou-as e avançou com elas.   Foi notável que as congregações religiosas fizeram as mudanças conclamadas enquanto a educação para mudar as dioceses e paróquias avançou com lentidão na melhor das hipóteses, encontrando resistência em alguns lugares.

As congregações religiosas foram instruídas a realizar um Capítulo de Renovação.  Nós tivemos um em 1968, em Frascati, Roma.  Nossa Congregação voltou a nossas Fontes, em reverência e obediência, mas também com alguma oposição entre nós: o Evangelho, São Francisco e Clara, o Movimento Franciscano, a Bem-Aventurada Francisca Schervier e as fontes de nossa Congregação.  Revisamos nossa Constituição e, seguindo o exemplo dos Evangelhos, onde os novos Cristãos eram chamados Seguidores do Caminho, demos-lhe o nome Nosso Modo Evangélico de Viver.   A Irmã Innocenta Donnelly, seguida da Irmã Rose Margaret Delaney, lideraram a Congregação com coragem na direção da renovação para a qual havíamos sido chamadas. 

Para relembrar o que estava acontecendo no país ao qual voltei, os Estados Unidos, nossa liderança eleita conduziu-nos por um processo de renovação. Colaboramos com outras Congregações Franciscanas para renovar o modo de viver Franciscano.  Pedimos a ajuda de estudiosos e líderes Franciscanos com excepcional espiritualidade.  Houve vários.  Lembro-me claramente de dois: Irmã Maristell Schanen, uma líder espiritual das Irmãs Franciscanas de Little Falls, Minnesota (falecida em 6 de julho de 2012), e o Padre David Flood, OFM, o historiador.  Meus contemporâneos lembrarão de outros.  Na Diocese de Brooklyn, colaboramos com os Irmãos Franciscanos de Brooklyn, com quem temos uma longa história conjunta.

Esses anos de estudo de nossas Fontes e os passos que demos rumo à renovação fizeram-me sentir grata por fazer parte de uma Congregação pequenas, mas com visão progressiva.  Houve dias difíceis, quando algumas de nossas irmãs optaram por deixar a Congregação.  Pelo menos para algumas, o lado positivo disso foi que puderam vislumbrar a possibilidade de um modo de viver diferente para si próprias.   Minha familiarização com nossas fontes Franciscanas criou uma grande gratidão por fazer parte da Família Franciscana mais ampla.
Irmã Bernadette Sullivan, SFP




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